Poemas participantes da enquete ( Em teste )

12 de março de 2018

Incomparável


Nem todos os beijos
Ou todos os lábios  e línguas
Em sussurros de malícias
Tua boca

Nem todas as carícias
Ou todas as mãos
Todo prazer e delícia
Tua pele

Nem todo abraço
Ou  todo colo
Toda calma
Teu consolo

Nem todo lirismo comportado
Ou poema ensaido
Nenhuma  rima rara
Teu poema.







18 de junho de 2015

É...Ninguém é Perfeito




Hoje li um texto com o qual me identifiquei muito. 
Acabei descobrindo que sofro de uma perturbação neurológica ainda sem nome científico oficial. Mas bem conhecida por " patetice ". 
Martha troca nomes próprios além de palavras corriqueiras, banais. Já eu, tenho atitudes que até eu duvido. 
Já me meti em cada situação... na hora quero cavar um buraco e me enterrar.

Das piores patetices:
Só dirijo descalço, portanto entro no carro e tiro logo os sapatos. Uma vez fiz o contrário: abri a porta sentei e tirei os sapatos ainda no lado de fora. Deixei eles ali e fui embora. Quando cheguei em casa me dei conta do acontecido e voltei pra buscar.

Fui parada numa blitz e me pediram a habilitação, eu entreguei meu RG. Fiquei olhando pro guarda que também ficou me olhando incrédulo e paciente e eu olhando pra ele e pensando porque ele tava demorando pra me devolver os meus documentos.

Resolvi ir de carro à uma loja bem pertinho da minha casa. Estacionei comprei o que precisava e voltei pra casa. Andando. Mas o pior é que só lembrei do carro umas duas ou três horas depois, quando ia voltar ao trabalho. Fiquei apavorada quando não encontrei o carro na garagem. Pensei que tivesse sido roubada. Mas logo lembrei onde o havia deixado.


Outra vez foi na hora de assinar um documento. A pessoa que estava comigo no cartório me disse: "Não vai errar". Não aguentei a pressão. Assinei no lugar certo. Só esqueci que deveria assinar meu nome e não o nome do agourento que estava ao meu lado.
Sem contar as vezes que tentei entrar em carros que não me esperavam.
Meu irmão parado em frente a farmácia me esperando e quando saí da farmácia entrei em outro carro, com outra família dentro.

Ah...tem também episódios de elevador que são os meus favoritos. 
Como da vez que decidi que o senhor que estava no elevador desceria em outro andar que não era o dele. Ainda segurei a porta aberta e disse, insistentemente, que ele já podia descer que era aquele o seu andar (quase o convenci )

Tem mais um... 
Quando cheguei no corredor, a porta do elevador já estava aberta e percebi um desnível no piso, mas entrei do mesmo jeito. Foi quando ouvi uma voz grossa e abafada, vinda não sabia de onde dizendo: " vai pela escada ".
Quase morri de susto. Procurei por todos os cantos até perceber que a voz vinha de cima do elevador e não do além.

Já consegui me trancar em casa atrás de várias portas. Nem lembro quantas, oito ou nove....sei lá. E depois tranquei todas as chaves dentro de um guarda roupa e me tranquei em outro quarto e dormi. No outro dia quando girei a chave na fechadura do quarto, consegui quebrar a bendita chave. Daí estava eu e minha filha trancadas em um quarto e com todas as outras portas e grades que davam acesso a este quarto tbem bem trancadas. Eram 6:30 da manhã quando chegou o chaveiro para arrombar as portas. Me senti uma princesa sendo resgatada kkkkkk
E a última história e também a mais antiga que me lembro:
Era véspera de Natal e eu não tinha comprado nada. Fui de metrô até o centro de Nagoya, era meu primeiro natal fora de casa e no Japão. Estava bem frio e eu estava usando uma jaqueta de couro cheia de zíper ( um look roqueiro com muito metal) Na volta do shopping eu estava cheia de sacolas e o metrô lotado. Fiz todo o trajeto em pé na frente de uma japonesa de cabelos cacheados e volumosos, bem sentadinha na minha frente. O metrô parou e quando eu ia sair, percebi que o cabelo da japonesa ia sair comigo. Tava preso nas minhas pulseiras ou jaqueta sei lá. .. e não era cabelo. Era peruca ...

É .... ninguém é perfeito.

A Corrida de Todo Dia





Em um determinado ponto, a vida da gente se torna uma corrida com obstáculos. Então corremos concentrados, dando o máximo de nós, para que possamos saltar o próximo obstáculo, sem grandes tropeços que acabem por nos levar ao chão.

Em determinado ponto tudo se torna meio mecânico. Deixamos de lado a poesia, a brincadeira... Sonhos são substituídos por metas. E vamos seguindo na luta acirrada do dia a dia.
Esquecemos da beleza e do milagre da vida... e esquecemos de agradecer.
Vamos correr que o tempo urge, mas vamos com os olhos da alma bem abertos para que não nos passe despercebido nenhuma beleza desse mundo!

Monólogo



No casamento, quando entra-se na fase do monólogo, pouca coisa poderá ser salvo.

Utopia


Queria mesmo era viver no mundo da lua, sem asfaltos nem concretos, sem fumaça nem barulho, sem trânsito nem semáforos, o único verde que existiria por lá seria o verde dos meus olhos procurando os teus pra fitar. Queria viver por lá... sem sustos nem surtos; sem ponteiros pra me dominar.

Queria poder viver em cima das nuvens pra sentir sua macies sob meus pés (acho que a nuvens são frias e macias). E de nuvem em nuvem iria onde eu quisesse, iria ao Japão ou Minas Gerais, tanto faz... Mas iria sem pressa de chegar nem dia pra voltar. Se vivesse por lá, brincaria de moldar sentimentos... Não deixaria ninguém se machucar.

Talvez quem sabe, viver no mundo do Pequeno Príncipe, aquele do livro. Mas seu mundo é muito pequenino, visto de fora, mal cabe ele e um jardinzinho com uma rosa que me pareceu meio cruel...E de crueldade quero distância.

Poderia viver também no futuro, onde nada foi escrito nem nada foi quebrado, Será que seria mesmo seguro? Lá nada ainda foi desenhado.

Pior seria viver no passado, presa, algemada ao que não pode ser mudado.

E se vivesse no espaço? Não. Definitivamente não. Lá me parece muito frio, escuro, sombrio e solitário... O único espaço que quero é do teu abraço.

Quem sabe se pudesse viver no teu coração... ahhh não, não... lá parece meio apertado. Também não quero viver de lado e nem do lado de fora.

Poderia viver nas entrelinhas de uma poesia, mas também não quero... Nem todos lêem entrelinhas, então ficaria eu lá, perdidinha, sem vida... simplesmente ignorada... nem mesmo esquecida.

Acho que por enquanto vou viver por aqui mesmo, pois daqui ainda posso admirar a lua, poderemos fazer companhia uma à outra enquanto caminho pela rua.
Daqui também posso ver a mutação nas formas das nuvens, posso fechar os olhos e sentir sua macies, deitar e rolar imaginando-me lá; está certo que não posso moldar sentimentos, mas posso sorrir e diminuir algumas dores (sorrisos são analgésicos poderosíssimos).
Ignorando minha impaciência e imediatismo, chegarei ao futuro... e dependerá de mim a forma dos desenhos que haverão por lá.
E o espaço... Este fica para os dias que eu me cansar de tudo, aí poderei mandar tudo pra lá, pro espaço

Choro



Quando nossos silêncios
Se encontram, se encaixam
Pesam as nuvens
Perco as forças
E me banho
No rio que cai dos olhos
Desentranhamento de dor

Palavras



Palavras dançam desconexas em minha mente
Riem-se por si só...
Feito criança teimosa descontente.
Desencontram-se, desontrolam-se, sem rimar
FÁ, SOL, LÁ, SI, DÓ
Ai que dó...
Não há, o que as faça parar.
Nem mal de amor...
Nem dor de amar.
Palavras soltas pululam
Sem rumo
Sem sina.
Vão e vem na contra mão de um poema
Correm leves, alegres, inquietas.
Fugindo risonhas, da pena
Procuram a mão de um poeta.
E em  meus olhos flutuam, suaves e pequeninas
Vestidas de emoção
Deslizam em semi versos,
Buscando pela inspiração.

22 de maio de 2015

Sobre Fotografias


Sou uma apaixonada por fotografia. Apesar de ser amante da arte, ainda não consegui estudar de verdade. 
Gosto mesmo é de fotografar gente em cenas comuns. Gente na rua, na feira, no ônibus, na praça. Gente rindo, desconfiada, gente comum fazendo o comum, o de sempre.
Com a chegada da fotografia digital, apesar da facilidade e frequência do registro de imagem, a foto impressa ficou rara. Quase ninguém  revela foto. Vai tudo para o HD, e se lembrar, vai também para uma nuvem de armazenamento que vai acabar sendo esquecida depois. 

Hoje a foto tem um objetivo, uma função, meio diferente daquela que tinha no passado. A foto de antes, tinha como papel principal ser guardada como lembrança,  para mostrar para a família no domingo à tarde, depois do almoço e antes do lanche das 5 horas. As crianças espalhadas pelo tapete e adultos no sofá. A foto ia passando de mão em mão. "Deixa eu ver", "vai passando pra mim"... e aí recordações e histórias  vinham à tona, e a gente ria ou chorava, ou escondia a foto para evitar alguma revelação escabrosa, para não virar a piada do dia. Como era bom isso...ou simplesmente quando a saudade apertasse a gente abria a caixinha de sapatos e mergulhava em meio aos momentos felizes congelados na imagem. 
Hoje o principal motivo da foto é postar no Instagram ou FB, que atire a primeira pedra quem puder.
Outro dia, enquanto remexia uma pilha de livros, encontrei no meio de um deles uma foto antiga, amarelada pela ação do tempo. Na foto estamos eu, meus irmãos e vários primos sentados no chão um ao lado do outro, e atrás de nós, minha tia, meu avô e minha avó sentados no sofá exatamente nesta ordem da esquerda para a direita. Orgulhosos por terem os netos ao redor. Nós, crianças na foto, tínhamos entre sete e doze anos. 
É uma foto comum, dessas de família, sem produção, sem photoshop, 
A geração de crianças da foto é hoje a geração adulta da família e os adultos já se foram. 
Quando encontrei a foto, todo aquele dia me veio à cabeça. Chorei. Recolhi as lembranças, e guardei a foto na caixa de sapato que é de fotografia.

 sem retoque. Alguns de nós despenteados ( acho que todos ), com exceção da minha avó que estava sempre arrumada.

Máquinas


A máquina de ressonância magnética é  assustadora apenas por ser o que é. E os sons que ela  emite !? São ameaçadores... e quando a pessoa responsável em te acomodar orienta o uso de protetor auricular te apavora ainda mais, pelo menos comigo foi assim.

No geral,  esses exames são incômodos e assustadores, mas essa máquina é de longe a pior.



Já deitada, imaginei que as dezenas de leds coloridos no teto da sala, imitando um céu estrelado, seriam para criar uma atmosfera mais acolhedora, o que me fez deduzir que o exame seria quase uma tortura. E foi.
Primeiro os sons  pareciam  de uma britadeira em atividade na velocidade média, e pensei que para ficar pior a britadeira passaria para a velocidade máxima. Mas não foi bem isso que aconteceu, o barulho seguinte conseguia ser ainda pior ao da britadeira dentro da minha cabeça. Parecia o barulho de uma máquina de lavar roupas, que apesar de ser um barulho familiar, também assusta pois é você que está dentro da máquina de lavar. Teu pensamento é jogado de um lado para o outro na mesma velocidade e ritmo dos sons assustadores, e oscilam entre o medo,o pessimismo e a impotência, que te acomete diante dos possíveis diagnósticos que virão.


Depois de ter experimentado a sensação de estar dentro da máquina de lavar roupas; veio a cereja do bolo, a azeitona da empada; soou uma sirene que parecia com essas sirenes que a gente vê em filmes: sirene que avisa a chegada de um tsunami - aviso para evacuar o local, ou sirene de usina nucelar.

Pensei em  me mexer, retirar o protetor auricular, mas o rapaz do outro lado do vidro, leu meus pensamentos, e fez um gesto proibindo a ação que eu secretamente planejava.

Enfim termina o exame, meu carrasco  entra na sala, e eu toda faceirinha já ia me levantar quando ele me diz: " Não acabou não. Só vim reiniciar a máquina. Teve uma queda de energia e teremos que repetir o exame". Lá vamos nós... para mais uma  sessão de pensamentos confusos, e assustados.Exames em máquinas  deveriam ser silenciosos, rápidos e confortáveis, pois em alguns momentos dá vontade de desistir e dizer para o médico: Opera! Mete a faca! Descobre ao vivo.


8 de fevereiro de 2015

Estado de Mim

Estado de Mim

Encontro-me ácida
ou cítrica, cínica, sarcástica.
Encontro-me louca
Presa num silêncio sibilante
um barulho surdo
pungente / pulsante
meio resto, meio nada.
Encontro-me assim,
Insana e envenenada
pela saliva trocada
na boca molhada
E para justificar tanta loucura
Escrevo versos imundos
pedaços arrancados de
linhas de uma história
mal contada sem fim
sem meio, sem nada.

A Certeza de Belos Poemas




Se alguns grandes amores não deram certo, no mínimo deixaram a inspiração para um belo poema!!!

Tempo Que Míngua

Tempo Que Míngua


Estava sentada sozinha, no canto da sorveteria esperando alguém que já estava atrasado e ainda demoraria alguns...mais meia hora para chegar.

Gosto de estar sozinha, não de ficar esperando, mas de ficar sozinha.
Meus pensamentos transitam livres em mão dupla, vão e vem sem compromissos ou necessidade de explicações (porquê tem coisas que não se explica). Engraçado, mas para mim estar sozinha não é problema, nem nunca foi. Ficar só, é prazeroso e fundamental.

Fiquei por ali, vendo o entra e sai das pessoas, algumas com seus filhotes recém saídos das salas de aula, ainda suados e em comemoração por ser fim de tarde, agitados correndo e gritando, pulando e caindo, e a mãe implorando inutilmente para que se comportassem.
Fiquei por ali vendo e lembrando como é gostosa essa fase, lembrando de quando era eu a gritar e correr e minha mãe olhando de canto de olho ( olhar já gritando), lembrei de quando os papéis de inverteram, e era eu a revirar os olhos na esperança de que minha amada filha, captasse a mensagem "STOP THAT ".

Tanto olhei que de repente uma das crianças parou na minha frente me olhou nos olhos,  tive a sensação que ela estava me lendo, fiquei envergonhada. Alguém poderia achar que sou uma maluca ou, pior ainda, uma criminosa dessas que sequestram criancinhas recém saídas da escola.

Sacudi o cabelo, ajeitei minha bolsa, olhei o celular, me livrei dessa lembrança pueril, mas continuei ali sentada dando corda ao pensamento (como se precisasse ).
Lembrei da minha filha quando bebê, quando eu não a deixava aprender andar por ter medo de não conseguir protegê-la de uma queda terrível, que sempre acontecia na minha cabeça de mãe inexperiente e super protetora.
Fui desfiando um rosário de lembranças, a formatura da Alfabetização, a primeira janelinha - dá pra entender o porquê, da felicidade de alguém que perde um dente? Só uma criança consegue  sentir a felicidade na forma mais pura, a felicidade sem culpa e sem medo. A felicidade pela felicidade.
O fim a quarta série foi para ela como uma promoção à "presidente da empresa", não se cansava de me dizer:  " mãe, já estou na quinta".

E o tempo vai passando, correndo, voando, minguando, sumindo, diminuindo... sendo menos, cada vez menos....tempo.
Antigamente os dias eram feitos de looongas 24 horas, mas de uns tempos pra cá, eles tem vinte e quatro horas curtas. Alguém diminuiu o tamanho das horas e não avisou. Algum ladrão de tempo, será?

Minha amiga já estava mais de 40 minutos atrasada, a essa altura eu já não me importava mais se ela viria ou não ( melhor que não viesse ).
Me deixei levar...lembrar... sonhar... sentir saudades... essas coisas de gente que sonha acordada.

À Toa

À TOA



To à toa
De perna pro ar
Com tempo de sobra
Relógio sem hora
que faz o tempo congelar
Estou transbordando pensamentos
que passeiam sem pressa
e sem  destino, sem lugar, sem porto para atracar
Quero permanecer assim
inerte, inerme, imóvel dentro de mim
contando grãos de areia
adormecendo com o marulho do mar
e despertando sem rumo, sem rima...
quero estar assim,
sem me revelar
sem me rebelar
Quero estar à toa.
De pernas pro ar
Fazer um pacto com o tempo,
para ele não passar.

Casulo

Casulo














Não há mais borboletas
Entregaram-se todas à metamorfose de volta
Ao caminho inverso
Viraram lagartas,
casulos banhados em água de olhos
Em simples gesto de dor
E viradas casulos, enclausuradas
No âmbito do isolamento.
Em regresso voluntário e extremo,
Borboletas viradas casulos
Fizeram caminho contrário no tempo
Opção, desgosto, tormento! 





Marcela Torres e eu

Última Chamada

Última Chamada




São duas, as coisas relacionadas a voos, que fazem meu pensamento viajar de uma maneira não muito agradável, bem antes da última chamada.

Primeiro: Quando no momento do check-in a atendente da empresa aérea pede um número de telefone para contato: "Telefone para contato em caso de emergência?"  (em caso de queda ou morte súbita, né? Que outra emergência não poderia esperar? ).

Segundo - Quando a comissária de bordo repassa as instruções de emergência: "Blá...blá...blá..., máscaras de oxigênio cairão a sua frente, blá...blá...blá, em caso de pouso na água use seu assento, ele é flutuante", (deveria mesmo era me ensinar como tirar o assento do lugar; pois eu já tentei e não consegui). Acho essas informações pouco úteis, pois nunca ouvi dizer que alguém sobreviveu a queda do avião por ter usado o assento flutuante, mas digamos que talvez o uso do assento flutuante funcione mesmo, ótimo.  Mas... e se cair no seco? Não há instruções sobre isso?

Ah, outra coisa que me aflige é quando  alguém insiste em usar aparelhos eletrônicos, mesmo depois de ouvir a ordem para desligar aparelhos. Uma vez pedi para meu vizinho de poltrona que fizesse a gentileza de desligar o celular, pois aquilo estava colocando não só a vida dele em risco, mas a minha também,  e ele pareceu se divertir com meu pedido ou com a minha cara de pavor, imagino.
Bem, para falar a verdade, são bem mais que duas, as coisas que me aterrorizam durante os voos.

E sempre, mas sempre, que me sento na poltrona ao lado da janelinha e assim consigo ver as turbinas, lembro de um livro que li ainda criança. No livro, o avião tem problemas durante o voo, porquê um monstrengo verde ficava agachado sobre a asa e se alimentava dos componentes das turbinas. Mas já é uma outra estória.

Há também algumas coisas que me irritam durante os voos, como por exemplo alguém roncando na poltrona ao lado. Nesse caso não há livro nem monstrinho verde que prenda minha atenção, o sujeito ronca e eu rosno, ele ronca e eu rosno, ele ronca e eu rosno, eu tusso, eu espirro, eu falo sozinha, tudo na tentativa de acordar o vizinho dorminhoco.

Apesar de tudo isso, continuo achando que como não nasci rica, deveria ter sido comissária de bordo, pois AMO viajar.

Poeminha dos Namorados




Poeminha dos Namorados



Ah como é bom namorar!
Sair por aí para  te encontrar
Ou ficar quieto e ver o amor pintar
cheio de impaciência e docilidade.
Que delicia é juntar um mais um e somar,
Explodir...namorar.
Brincar de esconde-esconde
no meio da tarde,  dentro do mar.
Ah como é bom esse coisa de namorar
Se derramar devagarinho, se traduzir para o outro
se emaranhar ao namorado  se completar.
Como é bom essa coisa de namorar.
Sem ensaio, sem anseio, sem rascunho
É só arriscar...rir...beijar
Na medida exata que é o colorido do olhar
O arrepiar da pele antes do desejo calar.
Hum... como é bom namorar!
Sair do chão com um beijo...Exorbitar.
Se perder do exato, sentir o pensamento borbulhar
Ah como é bom namorar,
Flutuar no olhar do outro.
Se encontrar e aportar no prazer do amado.
Ah como como é bom se apaixonar!

A Semana Inteira

A Semana Inteira



Meu amor vem me visitar.

Chega caladinho, gosta de me assustar.

Ele vem às segundas, pra me ver sorrir.

Às terças ele vem sem avisar,

sair da rotina, descontrair

Às quartas ele chega pra me fazer dormir

Me faz um cafuné, depois fechas as cortinas.

Nas quintas, chega de manhã cedinho,

me beija e me acorda com um carinho.

Meu amor chega assim de repente,

E me descobre inteira

Toda sexta - feira.

Ao sábados passamos o dia inteirinho

Aos domingos... ah meu amor não vá embora.

Patologias a Parte, Mentir é Quase Uma Arte

Patologias a Parte, Mentir é Quase Uma Arte


Algumas mentiras bem contadas tornam-se quase verdades, e muitas atravessam décadas mas um dia, tropeçam nelas mesmas e caem provocando grandes estragos.
Quem nunca foi vítima de uma mentira?

Ou quem nunca disse uma mentira? Se você disser que nunca mentiu, estará mentindo. Todos nós já dissemos alguma mentirinha (assim no diminutivo parece inofensivo) ainda que para exercer o politicamente correto ou justificarmos algum esquecimento ou atraso, quase todos nós já mentimos de alguma maneira, para não ferir os sentimentos de alguém que queremos bem, ou somente para agradar.

No caso do mentiroso nato, mentira proferida é compromisso assumido. Compromisso com o quê?! Com a imagem do mentiroso, é óbvio. Mentiroso que é mentiroso de verdade não quer cair em contradição, muito menos ser desmascarado, ser pego com a boca na mentira é vergonhoso demais até mesmo para o mentiroso experiente.

É...Mentir dá trabalho, e detalhe, uma mentira sozinha não sobrevive, mentiras precisam estar acompanhadas de outras mentirinhas para se sustentarem, mentiras são solidárias; uma só existe para ajudar a próxima ou a anterior, e assim vão acumulando-se e misturando-se até que quem as criou não consiga mais separar realidade e fantasia, nesse caso é claro que a patologia já se instalou há muito tempo.

Existem vários tipos de mentirosos: Os que mentem para esconder um fato por medo ou culpa; existem aqueles que mentem por insegurança e fazem da mentira uma bengala; existem também os patologicamente mentirosos; Tem aqueles mentem por prazer; aqueles que mentem por omissão e o que mentem por compulsão.
E omissão é mentira? É um tipo de mentira? Ou quase mentira? Existe quase mentira? E meia verdade, o que será? Isso tá ficando complexo demais.

Ah!!! Estava esquecendo de um espécime de mentiroso, o mais repugnante de todos na minha opinião, esses causam enormes prejuízos: os políticos; esses, armam palanques para proferir suas inverdades aos quatro ventos, pronunciam suas mentiras na TV em rede nacional, e mentem fluentemente, mentem de forma a convencer milhares de pessoas a mentirem com eles e por eles.
Este espécime de mentiroso é sazonal e extremamente nocivo.
Esses mentirosos tem como especialidade arrastar multidões. E suas mentiras são tão contundentes que aprisionam seus eleitores em suas teias de corrupção e roubalheira (desculpe-me, mas não resisti).

Há também o mentiroso self-service, que aquele que mente para si, para aliviar uma dor ou esquecer algo.

Acima de tudo, o mentiroso deve ser detentor de uma boa memória, isso é imprescindível, do contrário será um mentiroso fracassado.
Existem pessoas que mentem com tanta desenvoltura e maestria que apesar de sabermos se tratar de uma mentira, nos deixamos enganar.

Patologias à parte, mas mentir é quase uma arte e digo isso sem apologia à mentira, é claro. E é claro que digo a verdade.

Para ser mentira, o ato deve ser deliberado, o locutor deve ter a intenção de enganar e induzir o ouvinte ao erro.
Aquele que conta uma inverdade por ignorância do fato real, esse deve ser no máximo chamado de incauto.

Para ser mentiroso é preciso muito talento e disposição.

Senha 912

Senha 912



Há certo tempo sinto brotar nos meus pensamentos um esboço de um tema que às vezes dói, em outras traz saudades, e que de certa forma nos incomoda.
Incomoda pelas dúvidas e crenças que cada um de nós carrega consigo, incomoda pelas velhas dores sem remédio e sem porquês, que carregamos no peito. Dores que ficam alí guardadinhas,  mantê-las nos mantém também perto de quem já se foi.




Enquanto estou aqui, numa fila monstruosa com a minha senha, aguardando o nr 943 ser chamado, meu pensamento voa estimulado pela manchete mórbida de um jornal barato,  que nem mesmo é o jornal do dia...um desses jornais deixados em salas de espera para ajudar a passar o tempo de quem espera. Que ironia: " ajudar passar o tempo " (como se o tempo precisasse de ajuda para passar). Logo o  tempo, que é tão precioso e parece ser cada vez  ser "menos", ser "menor", às vezes parece que faltam minutos na hora, e faltam horas no dia,  mas  esse mesmo tempo algumas vezes pesa e é preciso dimiuir o peso, distrair-se  ainda que seja com manchete barata para não sentir o peso que arrasta as horas.

A senha que pisca no painel agora é a 825, não sei quanto tempo terei que desperdiçar aqui, então procuro desperdiçá-lo da melhor maneira possível.

A vida é mais ou menos isso, uma passagem, uma espera, um meio, um caminho. Nascemos, recebemos nossa senha, e um dia ela piscará no monitor, e lá iremos todos prestar contas, receber créditos, somar débitos.

A manchete do jornal fala de alguém que burlou o sistema, apresentou sua senha antecipadamente e devolveu o presente. Foi isso que me trouxe esse texto quase mórbido, ou completamente mórbido, depende do ponto de vista, pois ironicamente não há como falar de vida sem falar de morte, ou falar de morte sem despertar maior valor pela vida.

Chico Anysio, disse: "Não tenho medo de morrer, tenho pena", a morte nada mais é que deixar de viver.
Senha 898. Continuo aqui esperando por um atendimento ineficiente e grosseiro, órgão público... há de ser ter paciência; nesse caso, burlar o sistema e antecipar a senha seria compreensível e totalmente perdoável.

Vida e morte, um inexiste sem o outro, são complementos e certeza do inverso. A morte existe para dar sentido à vida, mas pode haver morte sem haver vida? Acho que pode, se partir do princípio de que alguns apenas existem. Existir não é sinônimo de viver. Vida é explosão, morte ausência de tudo. Vida é colorido, morte é incolor, vida é música, morte é surdez angustiante.

Senha 912, o monitor agora pisca insistentemente, chamando a senha 912... 912 não está. Desistiu de esperar, chame o próximo. Tenho pressa, penso. Todos temos pressa. Pressa é o medo de que a vida passe em branco.

Penso que quando Bertrand Russell disse que; "A vida é demasiado curta para nos permitir interessar-nos por todas as coisas, mas é bom que nos interessemos por tantas quantas forem necessárias para preencher os nossos dias." quis dizer exatamente que devemos viver e não apenas existir. Devemos dar sentido à vida para que a própria vida faça sentido. Uma vida vazia não me parece fazer sentido, nesse caso esperar a senha é quase um sinônimo da intangível existência.

Morte não emite aviso prévio, portanto melhor mesmo, é que tratemos de preencher a imensa lacuna que há entre um e outro, passarmos a limpo os rascunhos e publicarmos cada dia um novo capítulo.

Senha 942, sou a próxima. O texto acaba aqui.

Não há mais idéias e nem tempo para tê-las, lá vou eu ser atendida para terminar o que vim fazer aqui.
Senha 943.

Procura-se

Procura-se




















Procuro um lugar onde caibam todos os meus anseios.
Os mais variados "eus" por inteiro.
Onde caiba a poesia que habita minha alma,
Onde caiba a música, a arte que me acalma
Onde eu caiba por completo,
Com todas as minhas equações e metáforas,
Devo caber nua ou vestida de sensata
com todas minhas variações possíveis
Devo caber inexata, impontual.
Com meus erros, meus desatinos, meus imprevistos.
Devo caber sem aperto,
lado a lado aos meus pecados e perdão
Um lugar que seja do meu número,
Nem mais nem menos.
Esse lugar deverá abrigar todos os meus sonhos,
Inclusive os que sonho pela metade
Ou aqueles que são meio sonho, meio realidade.
Que abrigue também meus pesadelos,
Meus medos, minhas lutas, vitórias e fracassos
Numa contradição imensa.
Deverá abrigar todos meus soluços doloridos,
E meu silêncio cortante.
Todos os meus lados...também o mais colorido.
Minha gargalhada mais solta e meu sorriso ligeiro
Meu olhar mais doce, meu jeito amigo
Deve abrigar meu segredo, meu sagrado e meu profano
Minhas ilusões desmedidas
Minhas verdades inventadas e descabidas
Minha mentira escondida.
Meu maior desejo e minha pior repulsa.
Deverá abrigar o meu sombrio e minha luz.
Já vi este lugar
No olhar daquele que amo,
No ombro do amigo,
Na poesia que escrevo
Nas nuvens que tomam forma aleatória no céu,
No barulho manso e insistente das ondas quebrando na areia
Num beijo de amor, num abraço apertado.
No balanço do vento.
Já vi este lugar aqui dentro do peito
Durante uma oração de agradecimento.
Já vi esse lugar...

Quem sou eu

Gosto de escrever. Escrever para mim é uma necessidade, uma cura. Escrever é um ato de extrema entrega, é de dentro pra fora. Escrevo por urgência, escrevo por amor e com amor. Sou imediatista, intensa, e sonhadora! Defeitos? Tenho muitos, incontáveis talvez; melhor nem dizê-los.; Tenho uma alma sonhadora. Sonho, e como sonho...

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