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8 de fevereiro de 2015

Tempo Que Míngua

Tempo Que Míngua


Estava sentada sozinha, no canto da sorveteria esperando alguém que já estava atrasado e ainda demoraria alguns...mais meia hora para chegar.

Gosto de estar sozinha, não de ficar esperando, mas de ficar sozinha.
Meus pensamentos transitam livres em mão dupla, vão e vem sem compromissos ou necessidade de explicações (porquê tem coisas que não se explica). Engraçado, mas para mim estar sozinha não é problema, nem nunca foi. Ficar só, é prazeroso e fundamental.

Fiquei por ali, vendo o entra e sai das pessoas, algumas com seus filhotes recém saídos das salas de aula, ainda suados e em comemoração por ser fim de tarde, agitados correndo e gritando, pulando e caindo, e a mãe implorando inutilmente para que se comportassem.
Fiquei por ali vendo e lembrando como é gostosa essa fase, lembrando de quando era eu a gritar e correr e minha mãe olhando de canto de olho ( olhar já gritando), lembrei de quando os papéis de inverteram, e era eu a revirar os olhos na esperança de que minha amada filha, captasse a mensagem "STOP THAT ".

Tanto olhei que de repente uma das crianças parou na minha frente me olhou nos olhos,  tive a sensação que ela estava me lendo, fiquei envergonhada. Alguém poderia achar que sou uma maluca ou, pior ainda, uma criminosa dessas que sequestram criancinhas recém saídas da escola.

Sacudi o cabelo, ajeitei minha bolsa, olhei o celular, me livrei dessa lembrança pueril, mas continuei ali sentada dando corda ao pensamento (como se precisasse ).
Lembrei da minha filha quando bebê, quando eu não a deixava aprender andar por ter medo de não conseguir protegê-la de uma queda terrível, que sempre acontecia na minha cabeça de mãe inexperiente e super protetora.
Fui desfiando um rosário de lembranças, a formatura da Alfabetização, a primeira janelinha - dá pra entender o porquê, da felicidade de alguém que perde um dente? Só uma criança consegue  sentir a felicidade na forma mais pura, a felicidade sem culpa e sem medo. A felicidade pela felicidade.
O fim a quarta série foi para ela como uma promoção à "presidente da empresa", não se cansava de me dizer:  " mãe, já estou na quinta".

E o tempo vai passando, correndo, voando, minguando, sumindo, diminuindo... sendo menos, cada vez menos....tempo.
Antigamente os dias eram feitos de looongas 24 horas, mas de uns tempos pra cá, eles tem vinte e quatro horas curtas. Alguém diminuiu o tamanho das horas e não avisou. Algum ladrão de tempo, será?

Minha amiga já estava mais de 40 minutos atrasada, a essa altura eu já não me importava mais se ela viria ou não ( melhor que não viesse ).
Me deixei levar...lembrar... sonhar... sentir saudades... essas coisas de gente que sonha acordada.

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Quem sou eu

Gosto de escrever. Escrever para mim é uma necessidade, uma cura. Escrever é um ato de extrema entrega, é de dentro pra fora. Escrevo por urgência, escrevo por amor e com amor. Sou imediatista, intensa, e sonhadora! Defeitos? Tenho muitos, incontáveis talvez; melhor nem dizê-los.; Tenho uma alma sonhadora. Sonho, e como sonho...

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